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Em
um post: “Como Contratar uma Pesquisa” o autor, Matheus Dias, indica que o
eleitor é pragmático e de fato o é, pois se situa fora do disse-me-disse e de
toda a ladainha dos que vivem da política. E daí afirma que o eleitor deposita
seu voto no candidato que tem mais capacidade de resolver os problemas que o
aflige e, portanto, a pesquisa deve buscar conhecer o pensar, os desejos,
sonhos, aspirações e medos de cada eleitor.
Esse
pressuposto é severamente superficial para determinar o conteúdo do que deve
ser pesquisado para um cliente que tenha uma pretensão eleitoral. Pois são
diversos outros elementos que são fundamentais a construção da pesquisa, mesmo
quantitativa, para subsidiar as decisões e o planejamento, mesmo que inicial,
de uma campanha eleitoral com profissionalismo.
A
ideia de que atendendo algumas necessidades dos eleitores estaremos fazendo o
que tem que ser feito para merecer seu voto, tipo perguntar o que ele quer, não
funciona bem assim por diversos motivos.
O
eleitor sabe que em seu voto vai além do que ele pode receber, mais do que ele
pode receber é o que ele estará dando em benefício do próprio candidato. Então
a pesquisa tem de ver a possiblidade de empatia do candidato em questão com o
eleitor. O que pressupõe uma pesquisa exploratória com o pretenso candidato,
suas características percebidas.
Também
é preciso buscar conhecer o conjunto das ofertas de candidaturas ao cargo em
questão, já que é dentre essas ofertas que o eleitor fará sua escolha e não
fora dela. Terá a oferta de alguém ideal para si ao mesmo tempo viável
eleitoralmente... Todos os cálculos dos eleitores se farão dentro desse limite.
É
muito simples entender, se o seu colega chegar para você, no seu aniversário e
perguntar o que você quer, você dará uma resposta para ele, mas se, ao invés do
seu colega for o gênio da lâmpada do Aladim que te faça essa pergunta, a
resposta seria outra completamente diferente, entende?
O
eleitor vota por gratidão, por interesse, por pena e compaixão, por tantos
motivos mais... Em qual desses temas o candidato poderia se encaixar? Saber
isso é fundamental para o desenho de uma pesquisa para ele.
Além
dessas questões ainda tem a megatendência que influencia os eleitores naquele
momento. Qual é ela e o quanto dela estará presente naquela eleição específica?
Quando
você for construir um prédio procure um engenheiro com referência para conduzir
sua obra junto com você garantindo que o prédio não vá ruir ou apresentar
defeitos indesejáveis.
O
mesmo se deve fazer com a contratação do serviço de pesquisa.
Principalmente
nesse mercado onde surgem novas empresas a cada eleição e que se envolvem em
algum escândalo de imperícia e/ou fralde e na eleição seguinte somem do mapa.
Essas empresas aventureiras cobram preços bem baratos e podem causar prejuízos
irreparáveis para seus inocentes clientes.
Nunca
é suficiente saber apenas o que o eleitor quer, assim como o querer de quem vai
construir um prédio não é o suficiente para que o empreendedor decida sobre o
concreto e a quantidade de ferro que vai usar em cada pilar ou em cada viga.
Vladimir
Araujo
Especialista
em Marketing e Ciência Política e Diretor do Instituto Veritate